Texto: Daniel Dos Santos
Imagens: Acervo FPT — por Cristovam Melo
A arquitetura de um lugar vai além das construções e dos edifícios; ela se entrelaça com a história, a cultura e a identidade de quem o habita. No coração de Fortaleza, a Praça José de Alencar é um exemplo vivo dessa evolução, refletindo a mudança de necessidades e a construção da memória coletiva de uma cidade.
Até a década de 1870, os fortalezenses se reuniam na Praça do Patrocínio, um espaço de lazer e convivência, onde a vida da cidade pulsava. Localizada em frente à Igreja de Nossa Senhora do Patrocínio, a praça era um ponto de encontro, mas também um símbolo da fé e da história da cidade. No entanto, com a expansão urbana e as mudanças políticas, o nome da praça foi alterado para Marquês de Herval, em homenagem ao político e militar da época.
Em 1903, a gestão do Coronel Guilherme Rocha trouxe uma nova visão urbanística para a praça, com a inauguração do Jardim Nogueira Accioly. A praça passou a abrigar um projeto paisagístico que não só embelezava o espaço, mas também modificava a relação dos cidadãos com o lugar. Este foi um momento marcante na história da arquitetura pública de Fortaleza, pois a praça se tornava mais do que um simples ponto de passagem.
Foi em 1929, no entanto, que a praça recebeu um marco de significância histórica e cultural: a inauguração da estátua de José de Alencar. Escritor, político e um dos maiores nomes da literatura brasileira, Alencar se tornou uma figura central na identidade cearense. A estátua não só homenageava esse ícone, mas também transformava o espaço num ponto de referência cultural e histórico da cidade.
Durante os anos seguintes, a Praça José de Alencar continuou a evoluir, acompanhando as transformações sociais e urbanas da cidade. Não era apenas um local de passagem ou descanso, mas um ponto de encontro que gerava movimento e vida. Vendedores ambulantes, crianças brincando, famílias descansando – a praça tornou-se o centro pulsante de Fortaleza. Aos poucos, a arquitetura da praça também foi ganhando uma nova perspectiva. Em 1929, os jardins floridos e as árvores transformaram o local, tornando-o não só um ponto de referência cultural, mas também um espaço de lazer e socialização, onde as pessoas podiam respirar, se conectar e vivenciar a cidade de uma maneira diferente.
A história da Praça José de Alencar nos leva a refletir sobre como a arquitetura e a urbanização moldam o nosso relacionamento com os espaços públicos. Mais do que simples áreas de circulação, essas praças, parques e ruas desempenham um papel fundamental na formação da identidade de uma cidade e no bem-estar de seus habitantes. Ao longo do tempo, a praça não apenas sobreviveu às transformações urbanas, mas também se tornou um símbolo da resiliência de Fortaleza. Ao olhar para essa praça, podemos ver um reflexo da própria Fortaleza: uma cidade que evolui, mas que nunca perde a sua essência. O espaço público é, sem dúvida, uma extensão de quem somos, de como vivemos e do legado que deixamos para as próximas gerações.
NOBRE, Leila. Praça José de Alencar — Destinos aos bairros da capital. Fortaleza Nobre, 10/05/2014. Disponível em: <http://www.fortalezanobre.com.br/2014/05/praca-jose-de-alencar-destino-aos.html?m=1>. Acesso em 24/06/2025.
GÁRCIA, Fátima. Praça José de Alencar. Fortaleza em Fotos, 31/10/2010. Disponível em: <fortalezaemfotos.com.br/praca-jose-de-alencar/>. Acesso em: 26/06/2025.